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Hipertensão Arterial – recomendações para prevenção e tratamento

Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a ingestão de 500mg de sódio, correspondente a 1,2g de sal para suprir as necessidades nutricionais diárias, podendo chegar, no máximo, a 5g de cloreto de sódio (NaCl), correspondente a 2g/dia de sódio. A mesma recomendação é reforçada pelas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020, recomenda que a ingestão de sódio seja limitada a aproximadamente 2000mg/dia (equivalente a cerca de 5g de sal por dia) na população em geral.

A ingestão média de sal no Brasil é de 9,3 g/dia (9,63 g/dia para homens e 9,08 g/dia para mulheres).

A importância desse mineral na nossa alimentação está relacionada à regulação do volume plasmático (que impacta diretamente no volume sanguíneo), contração muscular, condução de impulsos nervosos e equilíbrio da permeabilidade da membrana das células do corpo. Entretanto, o consumo excessivo de sódio leva a uma desarmonia da homeostase corporal, influenciando diretamente em todas as funções vitais citadas.

Os sintomas do excesso de sal no organismo são: inchaço nas pernas, mãos e tornozelos, falta de ar, dores ao andar, pressão sanguínea elevada, retenção urinária, que comprova o comprometimento dos sistemas cardíaco, vascular e renal.

– Aumenta a sede? Por quê?

Como o sódio é hidrofílico, ou seja, liga-se à água para ser distribuído na corrente sanguínea. Assim, o excesso de sódio no organismo, recruta uma grande quantidade de água, o que faz com que a sede aumente para suprir essa necessidade.

– A pessoa fica mais inchada? Por quê?

Quando o sódio é consumido em excesso, provoca retenção de água pelo organismo, e o sistema cardiovascular fica sobrecarregado, dificultando a eliminação desse elemento e, consequentemente, causando sua retenção. Esse depósito leva à vasoconstrição numa tentativa de o organismo manter o equilíbrio, o que desencadeia a elevação da pressão arterial. O sistema vascular e o cardíaco são os mais prejudicados com o excesso de sódio no copo, podendo comprometer ainda o sistema renal, que tem sua função de filtração sobrecarregada, levando à formação de edemas.

– Dá dor de cabeça? Por quê?

A incidência de dores de cabeça pode estar associada à desidratação e ao aumento da pressão no interior dos vasos. Isso porque o organismo tenta excretar o sódio em excesso, ligando-se à água disponível.

– Altera o sabor dos alimentos?

O sódio não está presente apenas no sal de cozinha, e a pesar do sódio não ter sabor, ele também é usado pela indústria alimentícia como componente de conservadores e realçadores de sabor. Sendo assim, muitos alimentos industrializados apresentam sabor característico justamente pela presença desses componentes.

– Pode aumentar a dor de estômago?

O aumento das dores no estômago não está diretamente associado ao excesso de sódio, mas ao excesso de alimentos ricos em conservadores e realçadores de sabor, que apresentam o sódio como componente principal, e também são, geralmente, aqueles também ricos em gorduras.

– Quais são os efeitos em longo prazo do excesso de sal?

A literatura científica mostra que a ingestão de sódio está associada a doença cardiovascular e acidente vascular encefálico, quando a ingestão média é superior aos limites recomendados, e a ingestão elevada de sódio tem-se mostrado um fator de risco para a elevação da pressão arterial, e consequentemente, da maior prevalência de Hipertensão Arterial.

– Altera o sono?

O consumo de sódio não está diretamente associado a alterações no sono, porém, indivíduos hipertensos podem potencializar os riscos associados ao excesso de sódio, evoluindo para uma condição chamada de apneia obstrutiva do sono. A apneia obstrutiva do sono (AOS) é uma condição clínica caracterizada pelo colapso intermitente das vias aéreas superiores durante o sono, acarretando obstruções totais (apneias) e parciais (hipopneias). A AOS tem uma forte correlação com a Hipertensão Arterial (HA), sendo que quanto mais grave o estágio da Hipertensão, mais grave a AOS. Nos pacientes com HA em geral, estima-se que 56% tenham algum grau de AOS, porem o inverso também pode ser observado na pratica clínica, ou seja, pessoas normotensas (que possuem pressão arterial normal) evoluem com maior incidência de HA independente de outros fatores de risco.

– Aumenta a quantidade de urina?

O consumo excessivo de sódio pode ser refletido no aumento desse eletrólito na urina. A excreção urinária de 24h é utilizada como marcador do consumo diário de sódio, apesar da variabilidade provocada pela sensibilidade ao sódio, pois cada indivíduo tem sua própria taxa de excreção e um teor mais elevado na urina não significa, necessariamente, um aumento de pressão. Alguns estudos ainda apontam maior sensibilidade de negros ao sódio do que indivíduos brancos.

– Como reduzir o sal no dia a dia?

Recomenda-se cuidado com a quantidade de sal adicionado, e com os alimentos com alto teor de sal (produtos industrializados e processados).

Conforme citado, alimentos industrializados contam com a adição de ingredientes conservadores e realçadores de sabor, que tem o sódio como componentes principal. E isso faz o consumo frequente desses alimentos, importante fator de risco para doenças cardiovasculares. Assim, recomenda-se que a dieta seja composta de alimentos naturais e minimemente processados, rica em frutas, vegetais, grãos e cereais integrais e lácteos e carnes baixo teor de gordura. Uma recomendação frequente é a substituição de alimentos prontos para consumo por preparações caseiras, mantendo é claro o controle da adição de sal e condimentos ricos em sódio.

AlimentoQuantidadeTeor de sódio (mg)
Peito de Peru Defumado2 e 1/2 fatias (100g)510mg
Molho Shoyu2 colheres de sopa (30ml)1636mg
Biscoito Cream Cracker5 unidades (30g)256,3mg
Azeitona Verde5 unidades (20g)311mg
Caldo de Galinha1 tablete (9,5g)1746mg
Tempero em pó1 sachê (7,5g)2366mg
Macarrão instantâneo80g de macarrão + 5g de tempero1560mg
 Tabelas de informação nutricional consultadas na internet.

Referências:

Barroso et al. Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arq Bras Cardiol. 2021; 116(3):516-658

Mill JG, et al. Estimativa do consumo de sal pela população brasileira: resultado da Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Rev Bras Epidemiol. 2019;22(suppl 2):E190009.

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